Tecnologia reconhece padrões sutis ao olho humano e possibilita resultados mais precisos.
Nos próximos anos, o Brasil deve registrar um salto de mais de 70% na incidência do câncer, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar do dado preocupante, os avanços tecnológicos têm aprimorado os diagnósticos e tratamentos da doença, o que aumentam as chances de cura.
De acordo com o estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), publicado na revista Nature Biotechnology, houve o crescimento do uso da Inteligência Artificial (IA) para o enfrentamento do câncer. Foram identificados 749 registros para aplicações na oncologia, analisando uma base de dados que reúne informações sobre mais de 50 escritórios de patentes do mundo.
O trabalho mostrou a expansão das novas tecnologias para detecção precoce da doença, modelagem de expressão da genética, análise de imagens e biomarcadores. Por meio de softwares, as soluções de IA conseguem reconhecer padrões visuais, sensoriais e comportamentais, o que possibilita a entrega de resultados personalizados a partir de um grande volume de dados.
Os recursos auxiliam na interpretação de exames radiológicos, como tomografias computadorizadas e radiografias de tórax. O Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT) afirma que graças à integração da IA ao diagnóstico por imagens houve melhora na precisão e eficiência dos resultados, possibilitando avanços significativos na descoberta precoce e nos tratamentos para o câncer de pulmão.
Os algoritmos são treinados para distinguir entre lesões benignas e malignas, proporcionando resultados mais confiáveis, o que auxilia os médicos na tomada de decisões para obter êxito nos tratamentos dos pacientes.
Pesquisadores sugerem uso da IA para avaliação de serviços de saúde
Estudo divulgado pela revista Scientific Reports e apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), revelou que modelos baseados em Inteligência Artificial conseguem prever as taxas de morte e sobrevida de pacientes diagnosticados com câncer colorretal com quase 80% de precisão.
Para a realização do estudo, foram analisados mais de 31 mil pacientes, entre 2000 e 2021. De acordo com os pesquisadores, os resultados indicam que a tecnologia pode ser útil para planejar e avaliar os serviços de saúde, além de orientar protocolos de encaminhamento.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) informa que a doença resulta em 900 mil mortes anuais no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. As chances de curabilidade do câncer de cólon e reto são maiores quando diagnosticado é feito no estágio inicial e a doença é tratada de forma adequada.
Tecnologia auxilia descoberta de subtipos de câncer de próstata
Pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Manchester descobriram, com o auxílio da Inteligência Artificial, que o câncer de próstata pode ter dois subtipos diferentes e evoluir ao longo de múltiplas vias. O estudo foi publicado na revista científica Cell Genomics.
Os pesquisadores analisaram as alterações no DNA de amostras de 159 pacientes com o auxílio de uma técnica de IA chamada redes neurais. Assim, eles identificaram dois grupos distintos de tumor. Em comunicado, o autor principal do estudo, Dan Woodcock, declarou que esta compreensão permite classificar os tumores com base na forma como o câncer evolui, em vez de focar apenas em mutações genéticas individuais ou padrões de expressão.
A descoberta também foi validada no Canadá e na Austrália, por conjuntos de dados independentes. A precisão e a eficiência dos diagnósticos podem promover avanços importantes na identificação de casos de câncer de próstata
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que a doença é o segundo tipo mais comum entre os homens, responsável por mais de 65 mil novos diagnósticos por ano. O Instituto Vencer o Câncer indica que alimentos à base de licopeno, como goiaba, tomate, melancia e rabanete são poderosos oxidantes e devem estar presentes em uma dieta para prevenir câncer de próstata.
Câncer de mama pode ser previsto cinco anos antes
Pesquisadores do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação (CSAIL) do MIT e do Hospital Geral de Massachusetts (MGH) criaram um novo modelo de aprendizagem profunda que, a partir de uma mamografia, é capaz de prever se o paciente irá desenvolver a doença no prazo de cinco anos.
Com o uso da Inteligência Artificial, o modelo aprendeu padrões sutis no tecido mamário que podem ser precursoras de tumores malignos, treinado com mais de 60 mil mamografias.
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), diagnósticos tardios de câncer de mama podem significar tratamentos agressivos com resultados incertos, além de mais despesas médicas. A entidade reforça que a identificação de possíveis portadores da doença tem sido muito importante para a pesquisa e a detecção precoce do problema.
Gabriel Lafetá Rabelo
Especialista em marketing digital, SEO, redes sociais.